sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

"Adoniran Barbosa" - O Poeta Esquecido...

...Adoniran Barbosa (1910-1982) ... se estivesse vivo,

completaria 100 anos em 2010...

Considerado por muitos como o maior sambista de todos os tempos de São Paulo, mestre Adoniran Barbosa não será lembrado neste Carnaval. Nenhuma das 14 escolas do grupo especial irá levar para avenida a vida deste baluarte, que narrou como poucos o cotidiano de nossa cidade. Cidade que ele tanto amou, reverenciou e retratou em seus versos, imortalizados em obras-primas como Saudosa Maloca e Trem das Onze. 2010 não vai ser um ano qualquer. Vai ser o ano que irá marcar o centenário de nascimento de Adoniran Barbosa. Filho de imigrantes italianos, João Rubinato nasceu no dia 6 de agosto de 1910, na cidade de Valinhos. Antes de se tornar o grande compositor que foi, Adoniran ainda viveu em Jundiá e Santo André. Mas foi na Terra da Garoa que despontou como artista. Deu os primeiros passos em programas de rádio. Criou diversos personagens. O mais conhecido e popular foi o lendário Charutinho. Mas foi na década de 50 que foi reconhecido como compositor, depois que o conjunto Demônios da Garoa o regravou.Passou a vida contando histórias. Foi colecionador de grandes amigos, com sua forma simples de falar. Era um frequentador assíduo das cantinas do lendário bairro do Bexiga e dos botecos da região central da cidade.

Morreu em 1982, aos 72 anos de idade.

O próximo carnaval seria uma ótima oportunidade para reverencia-lo. Mostrar, principalmente para os mais jovens quem foi Adoniran. A Vai-Vai jura que tentou. Ensaiou fazer do mestre o seu enredo. Mas esbarrou na falta de patrocínio. Pelo menos, essa foi a versão oficial. Infelizmente, os desfiles de hoje são encomendados. A grande maioria é comercial. A história, poesia e conteúdo são deixados de lado. Que o diga outro mestre, Cartola. Em 2008, ano que marcou o centenário de nascimento do fundador da verde e rosa, a direção da Mangueira em nome de alguns trocados (leia-se R$ 3 milhões de patrocínio) resolveu falar de Recife ao invés de contar a vida daquele que te criou, deu o seu nome e ainda escolheu as suas cores. Não que Recife não merecesse uma homenagem. Muito pelo contrário. A homenagem foi realizada fora de hora. Em 2008, o enredo da Mangueira deveria ter sido escolhido por decreto: era para ser contada a vida de Angenor de Oliveira.

Agora, a história se repete em São Paulo. É claro que Adoniran nunca teve uma ligação com nenhuma escola da cidade, a exemplo de Cartola, mas merecia uma homenagem. Uma pena! O público de São Paulo que perde.

Em tempo: Nem tudo está perdido. A escola carioca Unidos de Vila Isabel terá como enredo neste ano a vida e a obra de Noel Rosa. 2010 também irá marcar o centenário do Poeta da Vila, que ganhou lindo samba-enredo de autoria de outro bamba, o grande Martinho da Vila.

Texto: Leandro Calixto

Um comentário:

BRANCO disse...

Deixo aqui o meu sentimento de indignação, principalmente a minha escola do coração, vai-vai, pois principalmente ela teria obrigação de lembrar este imortal poeta,pois o bixiga era o seu reduto,mas como sempre existe uma luz no fim do tunel, a esperança nunca morre, mesmo que por enquanto um pouco anonimos, deixo aqui a minha solidariedade, e peço que todos os poetas do Pagode da 27, possam aflorar a sua inpiração, para que possamos este ano apresentarmos sambas em homenagem a este grande representante do samba paulista.

"Cade o Arnesto?Ele não veio?Foi salvar a Iracema que estava atravessando a avenida São João, levou ela no trem que sai as 11:00 horas em destino ao abrigo de vagabundos, la na saudosa maloca tera um samba, onde ele ira pedir ela em casamento, e lhe ofereça como prova de carinho o canto suave das maripousas"


Axé